6.4.3.4 Il ou on |
1) o sujeito é completamente desconhecido.
=> Ele roubou a bolsa.
2) o sujeito é todo mundo, por isso também não pode ser nomeado.
=> Normalmente não se come no chão na Europa.
3) o sujeito não tem importância ou é bem conhecido e não precisa de ser nomeado.
=> As casas são vendidas.
Em português, há quatro possibilidades nesse contexto.
1) Se impessoal e se passivo
Constrói-se com um verbo reflexivo e o objeto direto torna-se o sujeito da frase.
As flores são vendidas.
É óbvio que esta frase não é equivalente a uma frase do tipo "Ele banha-se", porque neste caso ele realmente aplica a si mesmo a ação descrita pelo verbo, enquanto numa frase como " Vendem-se flores" as flores, embora elas sejam o sujeito da frase e concordem com o verbo (compare: "Uma flor é vendida") certamente não aplicam a ação descrita pelo verbo a si mesmos. As flores, de um ponto de vista lógico, são o objeto direto da frase, embora no caso do passivo também são o sujeito.
A voz passiva não deve ser confundida com o se impessoal.
Dorme-se muito bem nesta cama.
Esta construção é muito semelhante, à primeira vista, a uma construção do tipo "Vende-se casa", mas é completamente diferente. O se nesta construção não é um pronome reflexivo, como no se passivo, mas um simples pronome impessoal, igualmente se poderia dizer "Alguém dorme bem nesta cama".
2) A voz pasiva
A outra possibilidade que os portugueses têm de se referir a um sujeito desconhecido é a voz passiva.
A casa foi construída em 1984.
Neste caso é melhor não falar de um sujeito desconhecido, porque a casa é o sujeito, não há dúvida sobre ele, mas não é o executor da ação (isto é o que realmente será necessário, casas que são construídas sozinhas). Se quisermos ser precisos, temos de dizer que o executor é irrelevante. Mas a voz passiva não é tão frequente.
3) O pronome indefinido um
A terceira possibilidade é construir uma frase com um / uma, se se quiser evitar nomear o sujeito e esta construção é a que mais se assemelha à construção francesa, embora existam diferenças.
Um sabe o que deve fazer.
Esta possibilidade é a mais utilizada em português, como veremos dentro de momentos.
4) há que
E a quarta possibilidade é com a construção há que.
Há que fazê-lo.
Em francês há duas maneiras de se referir a um sujeito desconhecido.
exemplos | |
a) Il faut aller à l' école. | |
Há que ir para a escola. | |
b) On doit le faire. | |
Há que fazê-lo. |
exemplos | |
Il doit le faire. | |
Ele tem de o fazer. | |
On doit le faire. | |
Há que fazê-lo. / Tem de ser feito. |
exemplos | |
Il vaut mieux ne pas le faire. | |
É melhor não o fazer. | |
e não : On vaut mieux, ne pas le faire. |
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